De acordo com o Project Management Institute (PMI) mais de 70% das organizações utilizam metodologias ágeis. Se partirmos da premissa apresentada no livro “A Era do Ágil”, de Stephen Denning, que “ser ágil é gerar o dobro do valor com a metade do trabalho” imediatamente nos vem a pergunta: será mesmo que 7 em cada 10 empresas que temos contato entregam valor que é esperado delas?
Pela nossa experiência já adiantamos a resposta: NÃO!
E esse é o nosso ponto de partida para entrar no assunto do Falso Ágil. Você sabe o que é? Ou melhor, você sabe o porquê ele acontece?
Fique aqui que vamos te explicar um pouco mais sobre isso e outras coisas sobre Agilidade de verdade.
Contexto de mudança e necessidade de ser ágil
A ideia de agilidade surge com a criação do Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Softwares no ano de 2001 em Utah-EUA a partir de uma convenção realizada por desenvolvedores de softwares.
O problema inicial era claro, havia a necessidade de responder melhor às demandas de desenvolvimento e entregar algo que de fato funcionasse para os clientes. Dadas os processos e dificuldades com mudanças complexas de serem feitas, os resultados de desenvolvimento não estavam dentro do esperado. Assim surgiu este Manifesto.
Até aqui não havia uma metodologia traçada, muito menos um movimento disseminado, contudo o mercado de software e produtos digitais cresceu absurdamente e a necessidade de adaptações cada vez mais rápidas se tornou a sina do mercado.
Cada dia vivemos com mais informações, mais competitividade e mais facilidade de colocar ideias em prática; esses pontos estão entre os responsáveis por criar um mundo imprevisível, complexo, incerto e por aí vai.
Para classificar essa complexidade que vivemos atualmente, temos nomenclaturas como o Mundo VUCA e Mundo BANI, que independente do nome, nos alertam para a questão de que não podemos mais perder tempo com coisas desnecessárias e focar em entregar valor. É aqui que entra a Agilidade!
Entenda mais lendo: O que é o mundo VUCA e como ele impacta na sua vida?
Ou ainda: Mundo BANI: o que é e como pode impactar sua rotina?
Mas o que é ser ágil?
Essa pergunta pode dividir opiniões e ter várias respostas, mas vamos tentar responder ela em duas partes.
Voltando à nossa citação inicial de Stephen Denning: “Ser ágil é gerar o dobro do valor com a metade do trabalho”. A partir dessa frase temos inúmeros desdobramentos, mas com certeza para nós o profissional ágil é aquele que sabe para onde direcionar seus esforços de maneira que gere valor, fazendo menos e entregando o mais rápido possível, sem perder a qualidade. Outra forma de entendermos sobre o que é ser ágil é entender o que não é ser ágil.
O conceito de Denning é claro e nele não é citado método, ferramenta, metodologia, título ou qualquer outra caraterística que também faz parte de muitas equipes ágeis. Então aqui já fica a primeira lição, ser ágil não é usar métodos ágeis ou fazer parte de squads. Da mesma forma que usar um jaleco e um estetoscópio não faz de você um médico ou ter acesso a uma cozinha completamente equipada não faz de você um chefe de cozinha.
A agilidade está muito mais associada com a sua mentalidade e sua forma de trabalhar do que com a estrutura de time ou método usado. Lembra do Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Softwares? Então, ele não fala de Scrum, Kanban, Scrumban ou Squads, mas sim de uma maneira de resolver problemas.
Essa é a chave do ágil, resolução de problemas! Ser simples, porém preciso.
E por que as Metodologias Ágeis são tão faladas atualmente?
Apesar de um estetoscópio não fazer de você um médico, é muito importante que os médicos tenham um para suas consultas. As ferramentas certas usadas da maneira adequada geram ótimos resultados, não é mesmo?
Pense só: o mundo ganhou complexidade, as demandas cada vez mais urgentes, nossa concorrência aumentou e criam uma maneira de trabalho que diminui a burocracia, entrega o que o cliente quer de maneira mais acertada e ainda faz isso tudo em menos tempo. Claro que queremos isso!
Leia também: Por que os métodos ágeis não param de crescer?
Essa popularização se intensifica com o grande crescimento do mercado de software que toma conta do cenário mundial, uma vez que até as indústrias tidas como mais tradicionais agora passam a se modernizar surgindo a era do 4.0.
Quem conhece o mundo do empreendedorismo sabe: basta surgir uma metodologia nova que entrega resultados promissores que há uma convergência para a adoção em massa.
O resultado desse efeito é o que temos hoje: os métodos ágeis estão sim consolidados e já são a grande maioria dentro das empresas, seja na empresa como um todo, seja em apenas algumas áreas. Fato é, praticamente todas já adotaram e se a sua ainda não, está na hora de se atualizar, pois como bem disse Juan Bernabó: “Não existem mais empresas grandes ou pequenas, existem as que são rápidas e as que são lentas”. Qual é a sua?
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O problema da massificação do ágil
Se os métodos ágeis são bons e a ideia de agilidade também, qual é a problemática nesta história toda? Ótima pergunta! É aqui que entra o Falso Ágil.
Se sua equipe aplica o ágil e não gera resultado, provavelmente (pra não dizer sempre) aqui está a razão. Se você ainda não está no mundo do Ágil e deseja aprender, se atente para não cometer este erro.
Não há como implantar metodologias ágeis sobre plataformas de pensamento tradicionais. Antes de qualquer método deve vir um time alinhado e desenvolvido dentro de uma cultura esteja em consonância com a forma de pensar no ágil.
Então entenda: o foco é o cliente, pessoas são fonte de feedback. Crie MVPs, entenda a cadeia de valor, desburocratize e coloque algo de valor sempre que possível para seu cliente avaliar.
Essas prerrogativas são complicadas? São! Mas a mudança deve ser cultural. E esse é o problema da massificação do ágil: a ânsia em estar sempre na moda faz com que muitas empresas se apropriem apenas da ponta do processo e não da origem, resultando o que chamamos Falso Ágil.
Ou seja, temos times que usam dos métodos mais vanguardistas, mas que no fundo os resultados continuam os mesmos ou até pioram, afinal a forma de trabalhar não está adequada para o modelo adotado.
Há casos piores, em que encontramos a mesma estrutura de pensar e trabalhar tradicional, mas agora com os nomes que estão em alta. Esses são os famosos squads que trabalham dentro de departamentos, Scrum Masters que são gerentes de projetos, times que rodam o SCRUM no estilo Cascata e por aí vai…
Os efeitos colaterais do Falso Ágil
A essa altura você já deve ter entendido onde tudo isso pode levar, mas vale deixar alguns alertas.
Somos super defensores do Ágil, mas se você não levar a sério é melhor esperar, dar um passo atrás e repensar. Uma das coisas que já se ouve por aí é que Agilidade não é tão eficaz ou que não dá certo e esse é um dos piores efeitos colaterais, pois há um desgaste de uma forma de pensar que pode revolucionar muitos mercados e promover empresas cada vez mais pertinentes para a sociedade.
Outro efeito colateral muito prejudicial é a queda dos resultados. Como já pincelamos acima, se você não trouxer o Ágil da forma certa, ele pode ser um tiro pela culatra, pois você não fará nem o tradicional bem feito, nem o ágil, e nesse caos todo quem sai perdendo é você.
Sabido que os resultados caem, os efeitos para o time são conhecidos: há problema com motivação, o engajamento tende a cair, outros problemas menores se tornam mais incômodos e a roda dos maus resultados só aumenta.
Agora fica a reflexão: você quer isso para sua equipe?
Se sim, nem continue lendo, se não, vamos te dar algumas dicas!
Invista na mentalidade
Uma coisa que já é consenso na visão de muitas pessoas é que empresas que não se adaptarem para o ágil irão perder valor de mercado. Aquelas que fizerem isso da maneira errada perderão mais ainda. Então fica invista na Mentalidade Ágil, mude a cultura do seu time!
“Vamos implantar o ágil”, “Queremos entrar no mundo ágil”, “Estamos na transição para incorporar os métodos ágeis” são frases típicas de quem não entendeu o processo.
Transitar sua equipe para se tornar ágil é um processo que acontece de dentro para fora, do pensar pro agir. Por isso, aqui no IEEP, sempre trabalhamos a mentalidade ágil antes de ensinar qualquer metodologia. Exigirá mudança, incômodo, insegurança e desconforto, mas lembre-se que no mundo atual “Não existem mais empresas grandes ou pequenas, existem as que são rápidas e as que são lentas”. Você quer esperar pra ver?